sexta-feira, 22 de julho de 2011

Moda filosófica Ceticismo fácil e elegante

Diante de tantos conceitos, preceitos e filosofias de vida, em que se apegar? Há uma velha resposta mais ou menos assim: "ceticismo fácil e elegante, é isso que se espera de todo adulto bem educado". Talvez até você já siga essa fórmula, mesmo sem saber. Afinal, cético (skeptikós) é todo aquele que observa e reflete, sem tomar posição.

Pirro, um ex-oficial do exército de Alexandre, procurou explicar esse modo de ser. Segundo ele, não haveria incerteza apenas quanto ao que é percebido pelos sentidos - como os filósofos de todas as matizes sempre afirmaram -, mas também quanto aos valores morais e os fundamentos da razão. Ceticismo cognoscente, ético e lógico. De pouco adianta, portanto, acreditar nesta ou naquela escola filosófica: todas faziam sentido em si mesmas, mas se anulavam reciprocamente. Ao invés de mal-estar, essa impossibilidade de crer devia provocar na galera um estado de ataraxia - bem-aventurança causada pela total ausência de inquietação mental.

Com o tempo, o ceticismo virou uma espécie de moda filosófica. O que pode ser exemplificada pelo seguinte trecho do livro Argumentos sobre a crença num Deus, de Sexto Empírico (séc. II a.C): “Nós, céticos, seguimos na prática o caminho do mundo, mas sem manifestar qualquer opinião a respeito. Falamos dos deuses como se existissem, rendemos-lhes culto e dizemos que exercem a providência, mas, ao dize-lo, não expressamos crença alguma e evitamos as temeridades dos dogmáticos.” Não é atual?

Do blog Moro na Filosofia http://rashcunho.blogspot.com/

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